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Um dos aspectos mais marcantes a respeito da reflexão estética na passagem do século XIX para o século XIX é a questão de como a arte se insere nos grandes sistemas filosóficos. Grande parte dos autores de tradição alemã partirão dos problemas colocados pela filosofia kantiana para, em seguida, procurar transcender essa filosofia.

 

Na sétima de suas “Preleções sobre bela litaratura e arte”, ministradas em Berlim no ano de 1801, A. W. Schlegel afirma que, comparada às teorias idealistas, a teoria kantiana da arte, tal como exposta na Crítica do Juízo, se deteve no meio do caminho. A seu ver, Schelling foi o primeiro filósofo que conseguiu ir além de Kant nesse campo. Para August Schlegel, foi Schelling quem primeiramente começou a colocar expressamente “as bases de uma doutrina da arte filosófica em ligação com o princípio do idealismo transcendental”, tendo dedicado à arte uma seção inteira em seu sistema.  

 

Também Hegel reserva uma elevada posição para as artes no interior de seu sistema. A arte, para Hegel, é a exposição sensível da Ideia, capaz de exprimir os interesses mais profundos da humanidade. Embora ocupe uma elevada posição, a música é superada pela poesia no sistema hegeliano das artes. Isso não ocorre na filosofia de Schopenhauer, para o qual a música seria capaz de exprimir “o Ser, a essência do mundo, em uma palavra, o que concebemos pelo conceito de Vontade”. Para Schopenhauer, a música não exprime “tal ou tal alegria, tal ou tal aflição [...]. Ela pinta a própria alegria, a própria aflição e todos esses outros sentimentos, por assim dizer, abstratamente. Ela nos dá a essência sem nenhum acessório”. Todos esses pontos de vista serão duramente criticados pelo crítico musical vienense Eduard Hanslick em seu ensaio Do Belo Musical (1854), que procurará estabelecer que a finalidade da música não é suscitar sentimentos, e nem tampouco os sentimentos seriam o conteúdo da música. Pelo contrário, ele procurará estabelecer que o belo na música é algo de especificamente musical, “um belo que, independente e não necessitado de um conteúdo vindo de fora, está somente nos sons e em suas ligações artísticas”. Assim, ele estabelece que o único e exclusivo conteúdo da música são “formas sonoras em movimento”.

 

 

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