
In HARNONCOURT, N. O Diálogo Musical: Monteverdi, Mozart e Bach. Trad. Luiz Paulo Sampaio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
(Hamburgo, 14 de maio de 1737)
O senhor Bach é, afinal de contas, o mais eminente músico de Leipzig...Sua destreza (ao órgão) é assombrosa e mal podemos conceber como é possível que ele possa estender e cruzar seus dedos e seus pés de modo tão rápido e estranho, realizando os maiores salto sem errar uma só nota e sem distorcer o seu corpo com tão enérgicos movimentos. Este grande homem seria objeto da admiração de nações inteiras caso fosse mais gracioso e se não subtraísse toda a naturalidade às suas peças por meio de uma execução bombástica e confusa, cuja beleza é obscurecida por seus excessos artísticos. Como ele as julga por seus dedos, suas peças são de execução extremamente difícil, pois exigem que cantores e instrumentistas reproduzam através de suas gargantas e instrumentos aquilo que ele pode realizar no teclado; entretanto, isto é completamente impossível. Ele expressa detalhadamente, em notas, todos os maneirismos e pequenas ornamentações que entendemos como próprios ao seu modo de tocar, o que não só retira a beleza e harmonia, como torna o canto bastante inaudível.
Johann Adolph Scheibe (1708-1776)






