
Gerd Bornheim (Org.). Os filósofos pré-socráticos, 2ª edição. Introd., trad. e notas de G. Bornheim, São Paulo: Cultrix, 1972.
Fragmento 6 – Estobeu, Éclogas, I, 21, 7 d
“As relações entre a natureza e harmonia são as seguintes: a essência das coisas, que é eterna, e a própria natureza, admitem, não o conhecimento humano e sim o divino. E o nosso conhecimento das coisas seria totalmente impossível, se não existissem suas essências, das quais formou-se o cosmos, seja das limitadas, seja das ilimitadas. Como, contudo, estes (dois) princípios não são iguais nem aparentados, teria sido impossível formar com eles um cosmos, sem a concorrência da harmonia, donde quer que tenha esta surgido. O igual e aparentado não exige a harmonia, mas o que não é igual nem aparentado, e desigualmente ordenado, necessita ser unido por tal harmonia que possa ser contido num cosmos.A grandeza da harmonia (oitava 1:2) compreende a quarta (3:4) e a quinta (2:3). A quinta é maior do que a quarta por um tom (8:9). Pois da “hypate” (mi) até a “mese” (lá) há uma quarta; da “mese” até a “nete” (mi), uma quinta; da “nete” até a “trite” (si), uma quarta; da “trite” até a “hypate”, uma quinta.
Entre “trite” (si) e “mese” (lá) há um tom. A quarta, contudo, está na relação de 3:4, a quinta de 2:3, a oitava 1:2. Portanto, a oitava é composta de cinco tons e dois semitons, a quinta de três tons e um semitom, a quarta de dois tons e um semitom”
Filolau (ca. 470 a. C.)






