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Conferências sobre Retórica e Belas-Letras. Trad. R. Schwartz. Rio de Janeiro: Ed.TopBooks, 2008.

 

(Excertos)


 

Um concerto de música instrumental bem composto, pelo número e variedade dos instrumentos, pela variedade dos seus movimentos e a perfeita consonância ou correspondência de todos seus movimentos e a perfeita consonância ou correspondência de todos eles; pela exata harmonia ou coincidência de todos os diferentes sons que se fazem ouvir ao mesmo tempo, e pela feliz variedade dos compassos que ordenam a sucessão dos que  são ouvidos em momentos diversos, é um objeto tão agradável, tão agradável, tão grandioso, tão variado e tão interessante, que por si só, sem sugerir nenhum outro objeto, por imitação ou não, pode ocupar a capacidade total da mente, preenchê-las por inteiro, de modo a não deixar nenhuma parte da atenção livre para pensar em qualquer outra coisa. Ao ouvir aquela imensa variedade de sons coincidência e sucessão, em um sistema tão completo e harmonioso, a mente, na realidade, desfruta não somente de um prazer muito sensual, mas daquele que é altamente intelectual, semelhante ao que resulta da contemplação de um grande sistema de qualquer ciência. (...)

 

A pronúncia de sentenças é igualmente encurtada, pondo-se a tônica tão próxima do começo quanto  possivel. Esse método é exatamente contrário ao que se usa em francês, em que a tônica das palavras e dos periodos é lançada para a última sílaba ou para a última palavra. O método inglês é o que parece mais apropriado para produzir um som melodioso, pois é uma regra conhecida em música que a primeira nota de um compasso ou o primeiro diapasão de uma nota a ser repetida com uma modulação uniforme devem ser os mais agudos. Em contrapartida, a pronúncia francesa faz com que a sentença se prolongue cada vez mais, até que se interrompa de repente. Essa contradição nos permite entender a razão por que um frânces jamais conseguirá falar inglês desse modo se essa diferença se mantiver ao longo dos  tempos. (...)

 

O uso frequente da letra S e o som sibilitante que ocasiona são geralmente atribuídos à falta de ouvido musical do povo inglês. Mas não parece ser esse o caso. Isso por que sua introdução tem uma vantagem real, e, além do mais, não há razão para se pensar em nenhuma carência de ouvido musical, pois o bom gosto para a música, qualidade característica de quaisquer outros povos salvo o italiano, está presente na Inglaterra. Da maior relevância, ainda, e atento à pronúncia musical que os ingleses. (...)

 

Por escrever diálogos, Shakespeare sempre podia fazer seus personagens relatarem os efeitos de qualquer objeto sobre eles. Spenser emprega a descrição direta, descrevendo dessa forma vários objetos, o que nenhum outro tentou fazer. Foi obrigado adotar esse método porque seus personagens relatarem alegóricos, sem existência nem forma, senão as que lhes atribua. Pindaro, Homero e Milton jamais tentaram descrever a música de modo direto; sempre fazem descrevendo seus efeitos sobre alguma outra criatura. Pindaro relata-lhe os efeitos sobre alguma outra criatura. Píndaro relata-lhe os efeitos não apenas sobre os seres humanos, mas vaí até o Céu e ao Tártaro em busca de objetos que fortaleçam a sua descrição. O Sr. Hervey imitou lindamente a passagem aqui mencionada, porém, embora as circunstâncias sejam tão bem ou até mais bem detalhadas quanto em Píndaro, a beleza fundamental se perde quando ele omite os efeitos da música sobre o próprio Júpiter, um raio caindo-lhe da mão enquanto, ao mesmo tempo, as águias pousam nela. Em mercado de Veneza, a música é descrita pelos efeitos que produz. (...)

 

 

 

 

 

Smith, A. Teoria dos Sentimentos Morais. Martins Fontes. SP.2002

 

O mundo todo concede que as vestes e a mobília estejam inteiramente sob domínio dos usos e costumes. Porém, de modo algum a influência desses princípios se limita a uma esfera tão estreita, estendendo-se a tudo o que de algum modo seja de gosto-música, poesia, arquitetura. As modas de roupa e mobília estão em constante mudança; e a experiência nos convence de que estilos, ridiculos hoje, mas admirados cinco anos atrás, devem sua voga principal ou inteiramente aos costumes e usos. (p.240)

 

 

 

 


                                              

 

 

 

 

  Adam Smith (1723-1790)

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